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Em nossas diferentes rotinas, cada um de nós tem inúmeras decisões a tomar todos os dias. Desde levantar da cama pela manhã ou reprogramar o despertador, até finalizar as atividades para então se deitar para dormir a noite, todo o período em que estamos despertos é permeado por decisões, dúvidas, escolhas. Essa situação é ainda mais intensa em nossa época, quando nos vemos imersos em informações e publicidades, tarefas e compromissos, relacionamentos em todos os níveis, e constantes interrupções. Naturalmente, nossa energia no final de um dia tende a ser muito mais baixa que pela manhã, e se nós não garantirmos alguns hábitos saudáveis, essa compressão do cotidiano causa impactos ainda mais intensos.

Nesse contexto de atribulação, nosso cérebro tende a poupar energia para evitar novos desgastes, e isso reflete diretamente nas decisões que tomamos no dia-a-dia. Por exemplo: se você chega em casa cansado(a) após um dia de trabalho, e está com fome, você pode ir até a cozinha e decidir preparar algo nutritivo para o jantar, ou você pode abrir a geladeira, escolher o que for mais fácil (e frequentemente menos saudável), ou mesmo acionar um aplicativo de delivery para não ter nenhum trabalho com isso. Que tipo de decisão é mais provável você tomar quando você está cansado ou com fome? Decisões práticas, imediatas, e que não envolvem esforço! Esse comportamento natural do cérebro é chamado de Fadiga da Decisão, e isso influencia (muito mais do que imaginamos!) as pequenas e grandes escolhas que fazemos. Quanto maior o cansaço mental, mais inconscientes são as decisões tomadas, tanto no trabalho quanto na vida pessoal. 

São inúmeros os estudos sobre a Fadiga da Decisão na comunidade médica, que têm verificado, por exemplo, o impacto desse estresse nos diagnósticos: enquanto os procedimentos tendem a ser minuciosos no início do dia, ao final do plantão é frequente que o médico faça uma análise mais superficial, optando por prescrever medicamentos conforme as sugestões do próprio paciente (“você pode me receitar o antibiótico X?”) ao invés de solicitar exames (que teriam de ser analisados por ele); ou mesmo deixando de agendar cirurgias, como identificado por este estudo com cirurgiões ortopédicos plantonistas.

No caso dos juízes israelenses pesquisados pela Universidade de Princeton, descobriu-se que eles tendiam a absolver o réu no início do dia, quando estavam bem dispostos e alimentados, e acabavam definindo pela sua condenação quando a audiência acontecia antes do almoço ou no final do dia (quando os magistrados já estavam cansados ou com fome). Nesse exemplo, a decisão inconsciente decorre do fato de que socialmente é mais bem aceito manter o réu que já está preso na cadeia, do que absolve-lo, o que implica em analisar e justificar à sociedade a liberação desse réu. Foram analisadas mais de 1.000 sentenças de oito juízes em 2009. O estudo identificou que a probabilidade de uma sentença favorável (absolvição) caiu de 65% no início do dia para 0% antes do horário do almoço; esse índice retornava a 65% logo após o almoço ou de uma pausa dos juízes.

A Fadiga da Decisão não está em apenas alguns contextos de vida, mas permeia toda a nossa sociedade atual, com suas diferentes profissões e rotinas. Como descrito pelo psicólogo Roy Baumeister em seu livro Força de Vontade: a redescoberta do poder humano:

“Não importa quanto você tente ser racional ou escrupuloso, não pode tomar uma decisão atrás da outra sem pagar um preço biológico. É diferente da fadiga física comum – você não está consciente do cansaço -, mas há uma perda de energia mental”.

Além das decisões se tornarem cada vez inconscientes conforme o desgaste mental, é comum o adiamento (procrastinação) das decisões, simplesmente para não ter de lidar mental e emocionalmente com aquela situação. A pessoa pode, portanto, passar a vida adiando decisões, principalmente aquilo que é importante. Escolhas intimidadoras ressurgem cada vez mais como ameaça, e a pessoa tenta escapar delas até soe o alarme final, até que receba um ultimato.

Cabe a cada um de nós buscar identificar o nível desse estresse mental, e então se comprometer com hábitos que protegem a saúde do nosso cérebro. Dois hábitos simples e altamente restauradores são:

  • Sono de qualidade
  • Prática regular de Meditação.

Praticar esta meditação garante um relaxamento à mente, contendo a inquietação mental, e ajudando você a restaurar o cérebro para ter mais clareza e foco. Para um resultado consistente, experimente manter a prática por pelo menos 40 dias seguidos.

MEDITAÇÃO PARA A MENTE MAIS INQUIETA

 

Postura: sente-se com a coluna alongada, mantendo o queixo ligeiramente recolhido (cervical no prolongamento da coluna).
Mudra: Relaxe os braços e as mãos em qualquer pose meditativo.
Foco do olhar: concentre-se na ponta do nariz.
Respiração: Abra a boca o mais largo possível. Toque a língua no palato superior. Respire pelo nariz.
Tempo: comece com 3 a 5 minutos de prática, com um máximo de 11 minutos.

Comentários: esta meditação dá alívio imediato a qualquer mente oscilante, aérea. Quando há tanta insanidade no seu entorno de que até mesmo a ajuda médica e psiquiátrica tem falhado, esta prática não vai. Praticar este Kriya dá essa capacidade até para a mente mais inquieta.

Dos Ensinamentos de Yogi Bhajan.

Com Amor e Orações,

Prem Bhagat Singh

Ilustração em destaque: Davide Bonazzi