Existe uma definição de depressão como sendo uma doença da mente. Para além das nossas referências pessoais, do nosso aprendizado e das nossas experiências, a mente de cada pessoa tem uma maneira própria de funcionar. A boa notícia é que isso pode ser treinado.
Há algumas hipóteses para o desenvolvimento da depressão:
- Um evento, em que a pessoa sofre um grande estresse, uma grande alteração na vida como a perda de um ente querido ou um divórcio por exemplo,
- Comportamental,
- Genética (pesquisas indicam que esse fator interfere em torno de 20%)
- Bioquímica.
Essas hipóteses vão se misturando ao longo da vida do indivíduo. Por exemplo,uma pessoa pode passar por um grande estresse causado por uma perda e a partir daí experimentar a depressão, que pode alterar a bioquímica de seu cérebro com a deficiência de serotonina, dopamina e noradrenalina que são neurotransmissores que dão aquela motivação, aquele gás, aquela energia.
3 Sintomas principais que podemos observar na depressão:
1º – humor deprimido,
2º – falta de interesse,
3º – baixa de energia.
O CICLO DA DEPRESSÃO
Todo ciclo vicioso tem o aspecto de ficar se realimentando e a depressão tem essa característica. A tristeza é um sentimento comum ao ser humano, assim como o medo e a raiva. Agora, ficar triste por um mês, duas semanas já é preocupante. Há um indício de estado depressivo. Se identificamos em nós essas alterações podemos começar a atuar e romper alguma etapa desse ciclo da depressão.
1 – SINTOMAS
A primeira coisa que se observa é um sintoma no corpo. A pessoa pode ter uma sensação de baixa de energia, de baixa vitalidade é como se tudo que fosse fazer se tornasse muito pesado. A rotina diária fica difícil e quase impossível de se cumprir. Há uma falta de interesse, de sentido em fazer as coisas que antes davam prazer.
2 – AÇÕES
A partir dessa sensação de cansaço, de falta de motivação, de falta de vitalidade as ações são afetadas. A pessoa não consegue cumprir o seu dia, as suas rotinas, as suas atribuições normalmente, ela começa a ficar lenta, começa a ficar desestimulada e começa a adiar os seus compromissos e a ter diminuição da sua produtividade ou começa a se isolar e como não consegue fazer as coisas que gostaria ela fica frustrada.
3 – PENSAMENTOS NEGATIVOS RECORRENTES OU PENSAMENTOS TRÁGICOS
E o terceiro componente do ciclo seria a recorrência dos pensamentos negativos ou pensamentos trágicos, não só em relação a si, como em relação a tudo.
“Não vai dar certo eu já tentei várias vezes nunca vai dar certo, não vai acontecer isso que eu preciso”, há uma sensação de menos-valia, em que a pessoa se deprecia, a autoestima fica muito baixa e ela perde aquele vigor mental (aquela agilidade mental) e entra em um processo de culpa e pessimismo. Ela começa a se culpar pelas coisas que acontecem ao seu redor, uma briga, um evento qualquer e esses pensamentos ficam ruminativos, vão e vêm.
A mente tem a função de criar e desenvolver o pensamento. O pensamento serve para achar uma solução de um problema. Se eu tiver alguma tristeza por uma perda, um rompimento ou qualquer coisa que seja eu tento achar explicação o tempo todo e vou voltar naquela história muitas vezes durante o meu dia, por isso dizemos que os pensamentos são ruminativos e compulsórios. Quando isso acontece, a química cerebral e corporal ficam completamente alterados, a pessoa fica sem energia e a tristeza reflete no corpo.
É importante lembrar que ao combater os pensamentos negativos ou ruminativos não significa que você vai pensar uma coisa positiva em contraposição àquele pensamento negativo. Já vimos que isso não funciona, e sim partir para uma ação que se contrapõe a aquela coisa que está rodando ali é redirecionar com uma ação positiva e trazer algo para o corpo.
PARA QUE SERVEM OS MEDICAMENTOS ANTIDEPRESSIVOS?
Servem para restaurar e restabelecer um pouco aquela química cerebral que está alterada. Muitas pessoas com depressão moderada a grave podem necessitar de medicamentos e devem procurar o médico e o psiquiatra.
O tratamento da depressão é multidisciplinar, mas tem algumas coisas que todos nós podemos fazer não só coadjuvante com o tratamento que já está sendo instituído mas também para prevenir episódio de depressão já que estamos em um contexto bastante desafiador a todo momento no nosso meio não só com a Covid-19, mas levando em consideração todas as questões desafiantes do nosso dia a dia.
Podemos fazer algumas coisas que são muito eficazes e não tem relação direta com o uso de medicação. Há um bom tempo já vem se falando e se praticando uma técnica cognitivo comportamental.
São ações propostas em vários livros, já existem diversos pesquisadores, vários estudos mostrando que essas técnicas cognitivas comportamentais são eficazes na prevenção e no tratamento dos diversos tipos de depressão. Mesmo quem teve um episódio leve, moderado ou uma depressão severa pode utilizar essas terapias que são muito fáceis de serem praticadas e tem haver objetivamente com a mudança do funcionamento mental através de pequenas ações bastante simples que levam o sujeito a interromper esse ciclo vicioso da depressão.
Não é algo fácil, mas tudo é treinamento mental. Quando nos colocamos presentes no aqui e no agora temos uma chance muito boa de não ter depressão, ansiedade ou problema de saúde.
Nós aprendemos a ficar olhando para trás ruminando acontecimentos passados ou olhando para frente antecipando e tentando adivinhar o que irá acontecer no futuro e isso não é compatível com a saúde, porque se eu fico com coração e a cabeça lá na frente e o corpo está no presente completamente desgovernado eu ficarei com baixa de energia, pensamentos recorrentes negativos que sugam a minha alergia e a minha vitalidade, esqueço de me alimentar bem, de tomar água, de fazer atividade física, não consigo me organizar.
3 dicas para se praticar a presença
1 – Meditação
A meditação ajuda a mudar o estado bioquímico cerebral, aumenta os níveis de GABA (ácido gama-aminobutírico), um neurotransmissor essencial para a sensação de felicidade e relaxamento. Além disso, melhora o humor pois eleva os níveis de serotonina, outro neurotransmissor vital para a sensação de bem-estar e reduz os níveis de cortisol (hormônio do estresse que contribui significativamente para depressão, ansiedade).
2 – Agenda da recompensa
Se não estiver conseguindo fazer nada, você pode fazer uma agenda de segunda a sexta-feira das coisas que gostaria de fazer durante um dia que são prazerosas para você, que seja uma atividade por dia, assim você estará antecipando uma recompensa.
Por exemplo, se gosta de escutar música, estipule um horário naquele dia que seja 10, 20, 30 minutos para ouvir uma música que goste, ligue para alguém que goste de conversar, faça uma comida que goste, ou tome um chocolate quente. Uma pequena ação prazerosa no dia é uma atitude meditativa porque eu estou presente fazendo algo que gosto e quando antecipamos a recompensa ativamos no cérebro a produção de uma substância chamada dopamina, que aumenta a motivação. Então, se eu faço isso todo dia eu vou saindo aos poucos desse estágio letárgico.
3 – Anotar aquilo que foi bom durante o seu dia
Pode ser qualquer coisa, uma gentileza que alguém te fez, um abraço que alguém lhe deu, uma ligação que recebeu, algo que conseguiu arrumar na sua casa. Enfim, algum momento que tenha sido bom, por mais simples que seja.
Anotar aquilo que foi bom durante o dia traz a sensação de gratidão. Já está comprovado que quanto mais o sentimento de gratidão aflora mais rápido a pessoa consegue sair desse estágio de ruminação mental e negatividade, onde se encontra quem está com depressão.
Luz e bençãos,
Equipe de professores do Atma Autocura